DRAMA NA SELVA
Enredo com tintas heróicas e visual grandiloquente fazem de O Rei Leão um Disney como nos velhos tempos
Grrraaaauuurrrrr!!!!!! O rugido tonitruante do leão não serve apenas para estremecer a folhagem da selva, impor respeito entre os elefantes ou acordar as marmotas dorminhocas. Em O Rei Leão ( The Lion King, Estados Unidos,1994 ), em cartaz nos cinemas brasileiros, a voz do rei dos animais, além de assustar, também ensina e emociona.Esse 32 desenho animado dos estúdios de Walt Disney tem pouco em comum com seus antecessores mais próximos. A Bela e a Fera encantava pela exuberância visual. Aladdin, a maior bilheteria de todos os tempos no gênero – 217 milhões de dólares só nos EUA -, atraía multidões pela via do humor, ao colocar na tela um gênio da lâmpada com a voz de Robin Williams e modos afetados de candidato em campanha eleitoral. O Rei Leão é um Walt Disney à moda antiga, com drama na medida certa para emocionar crianças e adultos, e entre uma lágrima e outra, pitadas daquilo que nas fábulas de antigamente se costumava chamar de “moral da história”.
Saltando da tela – Para além das lágrimas e lições, o grande atrativo de O Rei Leão é o apuro visual.Parece redundante falar isso de um filme dos estúdios Disney, mas os animadores da casa realmente conseguem superar-se a cada produção, acompanhando a evolução tecnológica.
Em A Bela e a Fera e em Aladdin já haviam sido usados ângulos inusitados de um baile, num caso, e de uma caverna, no outro. Em nenhum dos dois filmes, no entanto, há uma seqüência tão impressionante quanto o estouro de antílopes de O Rei Leão. A cena, em que milhares de animais se movem desordenadamente e o espectador tem a sensação de que a qualquer momento um deles vai saltar da tela e pisoteá-lo, foi feita e refeita ao longo de dois anos. Os animadores partiram de um único desenho de antílope, que, com o auxílio de um computador, foi sendo multiplicado. Depois, cada “clone” foi animado individualmente. O resultado é espetacular. Sem contar que os ângulos inusitados de A Bela e a Fera e Aladdin viraram truques corriqueiros em .
O Rei Leão, em que praticamente todas as seqüências tem piruetas visuais. O espectador cavalga em zebras, treme com a pisada dos elefantes e voa no lombo de pássaros.
Também como costuma ocorrer nos desenhos de Walt Disney, alguns dos animadores de O Rei Leão viajaram para a África com o intuito de recompor, com a maior fidelidade possível, o cenário em que ocorre a história. Tal fidelidade, como se sabe é sempre relativa. Em Aladdin, os animadores foram para países árabes observar tipos humanos e acabaram criando um Aladdin com a cara do Tom Cruise.
Em O Rei Leão, o protagonista Simba, numa seqüência, passeia por um deserto que lembra o Saara, como se fosse esse o habitat dos leões, e não de cobras e dromedários. Licenças políticas a parte, é claro que os animadores não atravessaram o oceano apenas para fazer turismo. Os desenhos de O Rei Leão mostram, como nunca se viu em desenhos animados, a atmosfera pegajosa das florestas tropicais, o pôr-do-sol alaranjado dos lados do Oceano Índico e paisagens que lembram as savanas solitárias. As seqüências são de encher os olhos.
Animais Falantes- O Rei Leão repete e supera Aladdin não apenas nos efeitos tecnológicos. Um dos trunfos do desenho anterior dos Estúdios Disney era o fato de Robin Williams dublar o gênio ,emprestando ao personagem suas piadas em ritmo de metralhadora